quarta-feira, 17 de agosto de 2011

HISTÒRICO DA CAPOEIRA


Capoeira

A própria palavra já denuncia seu nascimento no campo entre grandes movimentos de plantação de cana de açúcar.
As clareiras abertas na mata serviram de canal para a fuga dos negros em busca de liberdade e melhor condição de vida nos quilombos.
Mas há quem diga que a capoeira é própria da cidade, onde aquela brincadeira quase inocente das fazendas teria evoluído para arte marcial. “Sem duvida ela nasceu no meio rural com a luta pela liberdade porem, a malicia (mandinga capoeirista) é urbana”, afirma o pesquisador baiano Waldeloir Rego, autor de um clássico sobre o assunto, ensaio sócio-etnográfico à respeito do jogo de angola.
Só não podemos afirmar se a capoeira teve inicio em Salvador ou no Rio de Janeiro ou, provavelmente, se fez ao mesmo tempo nas duas cidades, e ainda em Recife.

Escravos Negros

Os escravos negros começaram a ser desembarcados no Brasil por volta de 1548 e, nos três séculos seguintes seriam predominantes do tronco linguístico banto, do qual faz parte a língua Quimbundo.
Este grupo englobava angolas, benguelas, Moçambique, canbindas e congos: “Eram povos de pequenos reinos e com um razoável domínio de técnicas agrícolas e cujas grandes características era possuir uma visão muito plástica e imaginosa da vida, com grande capacidade de adaptação cultural”, explica o antropólogo Oderp Serra.
No Brasil, estes grupos étnicos, antes rivais se unirão pela escravidão formando uma cultura africana no Brasil a qual plantou bases e tradições muito fortes na cultura brasileira, na dança, música e técnicas de movimento do corpo “Não existe na historiografia recente do Brasil, nenhum dado possa afirmar que a capoeira é proveniente da África”.
Com certeza ela foi desenvolvida por escravos no Brasil, portanto, a capoeira é legitima e genuinamente brasileira, não podemos afirmar com certeza, se a capoeira teve seu inicio em Salvador, Rio de Janeiro ou Recife, provavelmente, se fez ao mesmo tempo nestas cidades, sabe-se que a capoeira realmente surgiu como “instrumento” de libertação contra um sistema dominante predominante opressor.
O homem negro na condição de escravo era tratado como peça deste sistema dominante, os meninos negros como moleques e as mulheres negras escravas com filhos como fêmeas com suas crias. Os registros que determinam datas para este surgimento variam entre 1578 e 1632.
Desta forma, o surgimento da capoeira se funde com a história da resistência dos negros no Brasil. Eis porque a maioria dos autores que escrevem sobre a questão associam o aparecimento da capoeira ao surgimento dos primeiros quilombos, alguns chegam a se referir a especificamente a Quilombo de Palmares (que foi o que reuniu um maior número de pessoas, cerca de 25 a 50 mil e foi destruído em 1694) como sendo berço da capoeira.
No século passado, as principais cidades portuárias brasileiras, como Salvador, recife e Rio de Janeiro eram uns aglomerados de gente.
Era comum figura de escravo de ganho, aquele que tinha permissão de vender ou prestar serviços na rua e em troca dar uma porcentagem de seu ganho para seu senhor. Sem outra coisa a oferecer senão a força física para carregar imóveis, mercadorias e dejetos, muito se faziam ponto perto do porto. Não demorou para que estes grupos se organizassem sob a chefia de algum valente chamado de “capitão” que era exímio em capoeira.
Naquela época, a capoeira reunia não só ex-escravos e seus filhos como também figuras da sociedade.
Aos poucos a capoeira foi se envolvendo com a vida.
Em 1864 na Bahia, grupos de capoeira foram desorganizados por causa da convocação para a guerra do Paraguai, que tiveram uma participação ativa contra os mercenários (soldados estrangeiros contratados para a guerra), que se rebelaram e foram rechaçados pelos capoeiristas, e após a abolição de 1888, como sabemos, o fim do regime escravocrata não significou a aceitação imediata da comunidade negra na vida social. Ao contrário, vários aspectos da cultura afro-brasileira sofreram violenta repressão como a capoeira do Rio de Janeiro de todo Brasil e principalmente no nordeste.
Talvez o caso da capoeira seja o mais evidente: essa forma que examinou o registro de prisões de escravos no Séc. XIX, os anos entre a chegada da família real, em 1808, e a abdicação do primeiro Imperador, em 1931, foram marcados pelo “Terror da Capoeira” no Rio de Janeiro. A Bahia não ficou para trás. Salvador era um barril de pólvora, os negros fizeram mais de 30 revoluções neste período.
Antigos capoeiristas figuram em fatos memoráveis. Mas também, diversos atos oficiais procuram acabar com as desordens das lutas de capoeiristas. Portaria de 16 de março de 1826 intendentes geral da policia do rio de janeiro mandou que fossem presos e imediatamente punidos com 100 acoites os escravos encontrados jogando capoeira.
Capoeiristas baianos lutaram pela nossa independência, na boa terra de todos os santos.
No Rio de janeiro em junho de 1828, capoeiristas prestaram grande ajuda para dominar os batalhões de mercenários alemães e irlandeses que, revoltados, colocaram a população em pânico.
A Câmara Municipal de São Paulo, atendendo a uma representação do Presidente da Província Coronel de Milícias Rafael Tobias de Aguiar, aprovou, em 24 de janeiro de 1833, uma postura marcando que qualquer pessoa que praticasse a capoeira em lugar público, sendo livre seria preso por três dias e pagaria multa de quatro horas com a pena de 25 a 50 soites.
O quadro de Johan Moritz Rugendas intitulado “Jogar capoeira ou dance de la guerre”, de 1835, é considerado o primeiro registro precioso sobre a capoeira. Neste quadro dois negros se situam em posição de luta enquanto um outro, sentado, toca um atabaque que segura com as pernas. Outros negros homens e mulheres, assistem á luta (ou jogo) que se realiza.
Em 10 de julho de 1843 faleceu no Rio o Marechal Miguel Nunes Vidigal, capoeira exímio e que apareceu como o Major Vidigal, no livro “Memorial de um Sargento de Milícias”, um clássico da nossa literatura.
Ao longo do século dezenove a capoeira tornou-se uma nítida expressão da situação de vivida pelo negro no Brasil.
As mudanças ocorridas na economia e no político do império, vinha gerando um intenso processo de desescravização. Lembrando-nos de que a lei Euzébio de Queiros, de 1850, já havia proibido o trafico negreiro para o Brasil. A lógica do sistema econômico brasileiro empunha a substituição do negro pelo trabalhador imigrante e isso gerava uma inevitável situação de marginalidade. A capoeira floresce desta forma, e são inúmeros os relatos de jornais do século passado que narram as aventuras dos capoeiras (esse nome, ate meados deste século, eram utilizados para designar o lutador; a luta era denominada capoeiragem).
Assim, o Governo Republicano, instaurado em 1889, deu continuidade a esta política e associou diretamente a capoeira á criminalidade, como consta do decreto 847de 11 de outubro de 1890, com o titulo de “Os Vadios e Capoeiras”.
Artigo 402: fazer nas ruas ou praças publica exercícios de destreza corporal conhecidos pela denominação capoeiragem: pena de dois á seis meses de reclusão.
Parágrafo único: é considerado circunstância agravante pertencer a capoeira a alguma banda ou malta.
Os chefes, ou cabeças, impor-se á a pena em dobro. Na capital paulista, março de 1892, alguns morcegos (praças de uma policia fardada da época) maltrataram soldados do exercito recentemente recrutas.
Doendo-se pelos companheiros, soldados capoeiras promoveram violentos distúrbios na cidade. Por ocasião da revolta da armada, setembro de 1893, lutou entre si grupos de praças capoeiras do exercito e da marinha. Em 1907, surgi a primeira tentativa de instituição de uma “Ginástica brasileira” com o titulo “O Guia da Capoeira” cujo o autor, um oficial do exercito que julgou prudente não revelar o nome pelos preconceitos então existentes – oculto-se sob as iniciais O.D.C. Em 1908, toda capoeiragem vibrou com a vitória do “Moleque Círiaco” sobre o conde Koma, oficialmente superior da marinha de guerra do Japão e campeão de Jiu-jitsu considerado invencível.
Círiaco com um violentíssimo rabo de arraia na cabeça do campeão nipônico, lançou-o por cima de duas fileiras de cadeiras, desacordado e com forte hemorragia nasal.
Anos mais tarde, um marinheiro do encouraçado São Paulo, ancorado no porto de Nova Iorque, envolveu-se em uma briga de rua e derrubou, um por um, oito vigorosos policiais conseguindo fugir para bordo de seu navio, onde declarou não ter necessitado fazer uso da sardinha (navalha) para o golpe decisivo do corta jaca (navalha na briga).
A luta brasileira, portanto, começou a ser tratada como esporte nacional e surgiram os primeiros estudos sobre sua utilização como método de defesa pessoal e ginástica. Em 1928, Annibal Burlamarqui publicou “Gymnastica Nacional” (Capoeiragem) Methodotizada e Regrada, e em 1945, Inezil Pena Marinho, especialista em graduação Física, pública “Subsídio para o estudo da metodologia do treinamento da capoeiragem”.
Com o Mestre Bimba a capoeira começa a ganhar espaço institucional na sociedade.
O Mestre teve o apoio dos estudantes universitários de Salvador que contribuíram para a sistematização de suas idéias e para a formulação de seu método de ensino.
Bimba fundou a primeira academia de capoeira em 1932 (Centro de Cultura Física e Luta Regional da Bahia), ensinou capoeira em quartéis e chegou a apresentar uma roda de capoeira para o Presidente Getúlio Vargas, em 1953.
Na história dos esforços pelo reconhecimento da capoeira como esporte ou luta nacional de origem étnico-brasileira, a um verdadeiro calendário.
Em 1907, apareceu um trabalho, cujo autor se ocultou sob as iniciais O.D.C (ofereço, dedico e consagro).
Intitulado o Guia da Capoeira ou ginástica brasileira.
Em 1928, Annibal Burlamarqui assina Ginástica Nacional (capoeiragem) metodizada e regrada.
Em 1932, fundação do Centro de Cultura Física Capoeira Regional.
Em 1942, foi feito um inquérito pela Divisão de Educação Física do Ministério da Marinha, consultando sob os melhores elementos para a instituição de um método de ensino da capoeira.
Em 1945, Inézio Penna Marinho lança o livro “Subsídios para o Estado” da Metodologia do Treinamento da Capoeiragem.
Em 1960, La Martine Pereira da Costa então oficial da marinha diplomado em Educação Física pela E.E.F.E e instrutor chefes do curso da escola de educação física da marinha, CEM-RJ, lança o livro que se tornou um clássico: “Capoeiragem – A Arte da Defesa Pessoal Brasileira”.
Em 1968, Waldeloir Rego lança o livro Capoeira Angola – Ensaio Sócio-etnográfico, considerado um dos mais completos sobre a capoeira.
Em 1 de janeiro de 1973, entra em vigor o Regulamento Técnico da Capoeira, oficializando a capoeira como um Esporte nacional Brasileiro.
Em 27 de outubro de 1973, é registrada varias associações de capoeira no Rio de Janeiro.
Em 14 de julho de 1974, é fundada a Federação Paulista de Capoeira (FPC).
Em 17 de maio de 1984, é fundada a Liga de Capoeira Cordel Vermelho em Minas Gerais.
Em 20 de julho de 1984, é fundada a Federação de Capoeira do Estado do Rio de Janeiro (FCE-RJ).
Em 21 de abril de 1989, é fundada a Liga Niteroiense de Capoeira (LINC).
Em 23 de outubro de 1992, é fundada a Confederação Brasileira de Capoeira (CBC).
Em 13 de maio de 1995, é fundada a Federação de Capoeira Desportiva do estado do Rio de Janeiro (FCD-RJ).
Em 03 de junho de 1995, é fundada a Liga Carioca de Capoeira.

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