Capoeiristas do DF participam de seminário com foco em empreendedorismo
Por Daiane Souza
Visando estratégias ao fortalecimento e a valorização da capoeira como plataforma de promoção cultural de Brasília, a Fundação Cultural Palmares, em parceria com a Confederação Brasileira de Capoeira (CBC), realizou na última sexta-feira (30) o seminário A Capoeira como Plataforma de Promoção Cultural de Brasília na Copa do Mundo de 2014.
Capoeirista há 30 anos, Mestre Gavião, de Águas Claras, considera a iniciativa um passo importante. “Só com a ajuda do Estado será possível mostrar ao Brasil e ao mundo o que significa a resistência que é a capoeira”, explica. Ele ressalta que o seminário foi um espaço para apresentar a possibilidade da capoeira também como esporte olímpico. “Se conseguirmos levá-la para debate nas Olimpíadas de Londres (2012) e para a abertura oficial da Copa (2014) teremos grandes chances de tê-la como esporte olímpico consagrado para as Olimpíadas de 2016 em nosso país.
Empreendedorismo - De acordo com Gersonilto de Sousa, presidente da CBC, a qualificação do capoeirista terá por finalidade torná-lo um indivíduo mais completo diante da oportunidade dos jogos internacionais. “O aprendizado de outras línguas e o bom relacionamento interpessoal farão do capoeirista uma importante ferramenta”, afirmou. “É uma atividade que integra e disciplina, além de ter uma função histórica importante para o país”, completou Antônio Márcio Ferreira, coordenador-geral de Educação para as Relações Étnico-Raciais do Ministério da Educação.
Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro, que considera a capoeira um importante vetor da cultura e da economia ressalta que a proposta vai além: “É preciso investir na geração de renda, no emprego e em estrutura. O empreendedorismo é a chave para o desenvolvimento dessa cultura”, disse lembrando que a capoeira não é apenas veículo para resgate de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Referência capital – A capoeira brasiliense é considerada referência por existir praticamente desde a primeira década da capital. Porém, para os mestres presentes ao encontro o principal problema das associações está na má representatividade. “A confederação competente não representa a todas as associações e para sobreviver as escolas se unem para se auto representarem”, disse Mestre Gilvan, da Associação Brasileira de Capoterapia.
Mestre Baleado, da Escola Cultural Alforria de Capoeira, localizada na Vila Telebrasília, destacou ainda que entre as dificuldades está a de inclusão. “Em programas de interesse da comunidade de capoeiristas, poucos são agraciados. Falta apoio, faltam estratégias de valorização”, explicou. Como alternativa à participação da capoeira na abertura oficial dos jogos, Mestre Baleado propôs a realização de uma roda de mestres, onde todas as referências sejam contempladas.